Após dois anos sem partido, Bolsonaro se filia ao PL, 9ª legenda da carreira política

Após dois anos sem partido, Bolsonaro se filia ao PL, 9ª legenda da carreira política

Filiação estava marcada para o último dia 22, mas foi adiada após exigências de Bolsonaro sobre alianças nos estados em 2022. PL também abrigará senador Flávio Bolsonaro, filho do presidente.

O presidente Jair Bolsonaro se filiou na manhã desta terça-feira (30) ao Partido Liberal. A cerimônia de filiação aconteceu na sede do partido em Brasília e contou com a presença do presidente da sigla, Valdemar Costa Neto, e de integrantes do governo.

Bolsonaro foi eleito presidente pelo PSL em 2018 e deixou o partido em 2019, em meio a divergências com a cúpula da legenda. Na ocasião, chegou a articular a criação de um novo partido, a Aliança Pelo Brasil, que não ou da fase de coleta de s.

O PL será o nono partido da carreira política de Bolsonaro. Em três décadas, o atual presidente ou por PDC, PPR, PPB, PTB, PFL, PP, PSC e PSL.

Além de Bolsonaro, também se filiará ao partido o senador Flávio Bolsonaro, filho mais velho do presidente, segundo a assessoria do PL. Será a quarta legenda do senador, eleito pelo PSL em 2018. O senador migrou para o Republicanos em março de 2020 e se transferiu de novo para o Patriota em maio deste ano.

O novo partido chegou a anunciar a cerimônia de recepção de Bolsonaro para o último dia 22, mas teve de adiar o compromisso em razão de exigências do presidente sobre alianças nos estados nas eleições de 2022.

Após o adiamento, questionado sobre a adesão ao PL, respondeu que “foi tudo conversado” com o presidente da sigla, Valdemar Costa Neto, e que os dois estão “sem problema”.

“Uma pessoa que é conhecida por honrar palavra. Da minha parte também, e temos tudo para realmente ajudar na política brasileira”, declarou Bolsonaro.

Bolsonaro no Centrão

Eleito com um discurso contrário à “política fisiológica”, o presidente Jair Bolsonaro afirmou em julho deste ano que é do grupo de partidos conhecido como Centrão, do qual o PL faz parte.

O partido foi da base aliada de todos os governos das últimas duas décadas: apoiou Luiz Inácio Lula da Silva, Dilma Rousseff, Michel Temer e, agora, Bolsonaro.

A declaração de Bolsonaro foi dada em entrevista a uma rádio, após ter sido questionado sobre a indicação do senador Ciro Nogueira (PP-PI) para comandar a Casa Civil. Nogueira presidente o Progressistas, outra sigla do Centrão.

“Eu sou do Centrão. Eu fui do PP metade do meu tempo. Fui do PTB, fui do então PFL. No ado, integrei siglas que foram extintas, como PRB, PTB. O PP, lá atrás, foi extinto, depois renasceu novamente”, declarou Bolsonaro.

“Nós temos 513 parlamentares. O tal Centrão, que chamam pejorativamente disso, são alguns partidos que lá atrás se uniram na campanha do [Geraldo] Alckmin [PSDB]. E ficou, então, rotulado Centrão como algo pejorativo, algo danoso à nação. Não tem nada a ver, eu nasci de lá”, acrescentou Bolsonaro.

Em 2018, o general Augusto Heleno, atual ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) de Bolsonaro, fez uma paródia do samba “Reunião de bacana” e insinuou que os integrantes do bloco são ladrões.

O samba original diz: “Se gritar pega ladrão, não fica um, meu irmão.” Heleno, na paródia, afirmou: “Se gritar pega Centrão, não fica um, meu irmão.”

Em maio deste ano, no entanto, Augusto Heleno afirmou que o bloco “não existe”.

“Sobre o Centrão, aquela brincadeira que eu fiz, foi numa convenção do PSL na época da campanha eleitoral. Naquela época, existia à disposição na mídia várias críticas ao Centrão. Não quer dizer que hoje exista Centrão, isso foi muito modificado ao longo do tempo”, afirmou Heleno na ocasião.

Costa Neto, condenado no mensalão

Em 2012, Valdemar foi condenado no julgamento do mensalão pelo Supremo Tribunal Federal (STF) a 7 anos e 10 meses de prisão por corrupção iva e lavagem de dinheiro.

Valdemar foi preso em 2013 e em 2014 ou a cumprir prisão domiciliar. Dois anos depois, em 2016, o ministro do STF Luís Roberto Barroso concedeu perdão da pena e determinou a soltura do ex-deputado. Na ocasião, a decisão seguiu parecer da Procuradoria Geral da República (PGR).

‘Carta branca’

Na semana ada, Valdemar Costa Neto reuniu em Brasília os presidentes estaduais do PL.

Segundo informou a legenda, os dirigentes regionais deram “carta branca” a Costa Neto para negociar com Bolsonaro.

O colunista do g1 Gerson Camarotti informou que aliados próximos de Bolsonaro disseram que o presidente não precisava de uma “carta branca” do PL, mas, sim, ganhar tempo para acalmar a militância e, com isso, reverter as críticas de bolsonaristas nas redes sociais.

Por Pedro Henrique Gomes, Beatriz Borges e Paloma Oliveira, g1 e TV Globo — Brasília

Luiz Silva

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