Ministro interino do GSI critica uso de WhatsApp para informes de inteligência

A Folha revelou que a Abin (Agência Brasileira de Inteligência) enviou desde o dia 6 de janeiro alertas a Gonçalves Dias (Gabinete de Segurança Institucional) e ao Ministério da Justiça, já sob o comando de Flávio Dino (PSB), sobre a possibilidade de ações violentas e invasão a prédios públicos nos atos que ocorreriam dois dias depois, em 8 de janeiro.
RAQUEL LOPES
BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – O ministro interino do GSI (Gabinete de Segurança Institucional), Ricardo Cappelli, criticou nesta sexta-feira (28) o uso de redes sociais e aplicativos de mensagens para encaminhamento de informes de inteligência.
A Folha revelou que a Abin (Agência Brasileira de Inteligência) enviou desde o dia 6 de janeiro alertas a Gonçalves Dias (Gabinete de Segurança Institucional) e ao Ministério da Justiça, já sob o comando de Flávio Dino (PSB), sobre a possibilidade de ações violentas e invasão a prédios públicos nos atos que ocorreriam dois dias depois, em 8 de janeiro.
Segundo o documento da Abin, ao menos três alertas foram enviados somente ao ex-ministro do GSI Gonçalves Dias.
“Não é adequado que informes de inteligência confidenciais de um país sejam reados através de um aplicativo de mensagem de uma empresa privada de uma nação estrangeira. Não se trata de xenofobismo nem conspiracionismo. Estamos tratando de SOBERANIA NACIONAL”, disse nas redes sociais.
Segundo Cappelli, as principais potências mundiais criaram agências para cuidar de uma questão estratégica: segurança cibernética. Segundo ele, já houve invasão do email da então presidente Dilma Rousseff e devassa em dados da Petrobras.
“Não há uma Central de Inteligência no Brasil responsável pela coordenação de todas as inteligências existentes nos diferentes órgãos. Quem é a Autoridade Máxima? Não há unidade de comando. Quando há falha, uma corporação empurra para a outra. Esta é a questão importante”, completou.
Cappelli, secretário-executivo do Ministério da Justiça e ex-interventor na segurança do Distrito Federal, foi escolhido na semana ada para assumir interinamente o ministério, após o general Gonçalves Dias pedir demissão do cargo.
O governo federal anunciou nesta quinta (27) a demissão de mais 58 servidores do GSI (Gabinete de Segurança Institucional). O órgão entrou em crise após a divulgação de imagens do ex-ministro da pasta Gonçalves Dias dentro do Palácio do Planalto no momento em que vândalos destruíam o local, em 8 de janeiro.
O secretário Nacional do Consumidor, Wadih Damous (PT), afirmou nesta sexta que o Sisbin (Sistema Brasileiro de Inteligência) se tornou, na verdade, “um grupo de WhatsApp” integrado por pessoas do governo Jair Bolsonaro (PL).
Damous disse ainda que não “há relatório da Abin”, mas sim um compilado de informes da agência, e que não existe “qualquer prova” de que o ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino (PSB), “tenha recebido informação idônea” sobre a possibilidade de ataques.
“Existe uma coisa chamada Sisbin, Sistema Nacional de Segurança, enfim. Que na verdade, até então, era um grupo de WhatsApp integrado basicamente por gente do governo Bolsonaro”, disse o secretário em entrevista à TV Fórum.
“Não há relatório da Abin. Compilaram-se esses informes -porque a Abin tem várias classificações, é informe, é relatório- compilaram-se esses informes a posteriori. Obviamente depois do dia 8”, completou.
VEJA ALERTAS EMITIDOS PELA ABIN A MINISTÉRIO DA JUSTIÇA E GSI SOBRE 8/1
6.jan.23, às 19h40
Perspectiva de adesão às manifestações contra o resultado da eleição em Brasília permanece baixa. Contudo, há risco de ações violentas contra edifícios públicos e autoridades. Destaca-se a convocação de caravanas para o deslocamento de manifestantes com o a armas e a intenção manifesta de invadir o Congresso Nacional7.jan.23, às 10h30
Há registro de chegada no QG do Exército de 18 ônibus de outros estados para participar de manifestações. Mantêm-se convocações para ações violentas e tentativas de ocupações de prédios públicos. Desde a madrugada de hoje, caminhões tanque que transportam combustível não am a distribuidora de combustíveis anexa à refinaria (REVAP) de São José dos Campos-SP. Há presença de manifestantes autointitulados “patriotas” no local7.jan.23, às 12h00
Conforme a ANTT, houve aumento do número de fretamentos de ônibus com destino a Brasília para este final de semana. Há um total de 105 ônibus, com cerca de 3.900 ageiros. Mantêm-se convocações para ações violentas8.jan.23, às 08h53
Cerca de 100 ônibus chegaram a Brasília para os atos previstos na Esplanada dos Ministérios8.jan.23, às 10h00
Em Brasília, continua chegada de manifestantes no QG do Exército, em fluxo menor que o registrado ontem. Houve incremento no número de barracas, com estruturas maiores. Permanecem convocações e incitações para deslocamento até a Esplanada dos Ministérios, ocupações de prédios públicos e ações violentas. Em votação, decidiram que a marcha só iniciará quando todas as caravanas chegarem8.jan.23, às 12h05
Deslocamento dos manifestantes para a Esplanada está previsto para as 13h00. Ânimo pacífico no momento, mas há relatos de pessoas que se dizem armadas8.jan.23, às 13h00
Identificado discurso radical de vândalo com perfil já conhecido e ânimo exaltado8.jan.23, às 13h40
Iniciado o deslocamento para a Esplanada. Há discursos inflamados com pessoas pintando o rosto com [sic] se fossem para um combate. Há entre manifestantes relatos de que as forças de segurança não irão confrontá-los8.jan.23, às 14h30
Frente da marcha alcançou a primeira barreira policial na via que a ao lado da Catedral. Já há manifestantes em frente ao Congresso Nacional. Efetivos da PM encontram-se no local. Alguns manifestantes estão montando barracas na Esplanada dos Ministérios e artefatos potencialmente perigosos foram deixados no gramado8.jan.23, às 14h45
Em Brasília, marcha chegou em frente ao Congresso Nacional e manifestantes romperam a barreira policial. Grupo encontra-se na rampa do prédio
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