Por que algumas pessoas somem do nada? O impacto do ghosting

Por que algumas pessoas somem do nada? O impacto do ghosting

Você já viveu a experiência de estar conhecendo alguém, trocando mensagens todos os dias, fazendo planos, se sentindo conectado… até que, de repente, a pessoa simplesmente desaparece? Sem explicações, sem avisos, sem um último “oi”. Esse fenômeno tem nome: ghosting. E, por mais que pareça algo banalizado nos dias de hoje, o impacto emocional que ele causa é real — e profundo.

O que é ghosting?

Ghosting vem do inglês “ghost” (fantasma) e descreve o comportamento de sumir de uma relação, sem justificativa ou aviso, como um fantasma que desaparece sem deixar vestígios. Pode acontecer em qualquer tipo de relação: amizades, paqueras, namoros ou até contatos profissionais. No entanto, é mais comum em relacionamentos afetivos, especialmente os iniciados pelas redes sociais e aplicativos de namoro.

Por que as pessoas fazem ghosting?

Os motivos variam, mas muitas vezes estão ligados à imaturidade emocional, medo de conflito ou falta de empatia. Em vez de lidar com o desconforto de dizer que não quer mais continuar o contato, a pessoa opta por sumir. Para quem faz ghosting, isso pode parecer mais fácil, rápido e “indolor”. Para quem é vítima, no entanto, o sentimento é exatamente o oposto.

Alguns dos principais motivos incluem:

  1. Evitação de confronto: a pessoa não quer lidar com a reação do outro.
  2. Falta de interesse real: ela estava apenas “ando o tempo” e decidiu seguir em frente.
  3. Medo de se apegar: após criar uma conexão, a pessoa percebe que está se envolvendo e foge.
  4. Egocentrismo: ela age de forma egoísta, pensando apenas no próprio conforto emocional.

O impacto emocional de quem sofre ghosting

O ghosting pode desencadear uma série de sentimentos intensos, como confusão, rejeição, frustração e até culpa. Afinal, quando alguém desaparece sem explicação, o cérebro naturalmente busca respostas. “Será que fiz algo errado?”, “Será que falei algo que ofendeu?”, “Será que não fui bom o suficiente?” — essas perguntas martelam na mente de quem ficou.

Essa ausência de fechamento — conhecida como lack of closure — é uma das partes mais dolorosas. Diferente de um término claro, em que ambas as partes têm a chance de processar e entender a situação, o ghosting interrompe o processo natural de luto. A pessoa que foi deixada fica presa em uma espécie de limbo emocional, sem saber se espera uma mensagem ou se segue em frente.

O ghosting na era digital

Com a tecnologia, ficou mais fácil iniciar e terminar conexões. Com um simples toque na tela, é possível bloquear, silenciar ou ignorar alguém. A comunicação, antes carregada de responsabilidade emocional, hoje pode ser descartada como se fosse um produto de consumo.

A cultura do “descartar e seguir para o próximo” tem alimentado comportamentos como o ghosting. As pessoas estão cada vez menos tolerantes com frustrações, preferindo desaparecer ao menor sinal de desconforto, como se o outro fosse apenas mais uma notificação inconveniente.

Como lidar com o ghosting?

Se você foi vítima de ghosting, é importante entender que o problema não está em você. O sumiço repentino fala muito mais sobre quem foi embora do que sobre quem ficou. Aqui estão algumas dicas para lidar com a situação:

  • Não se culpe: evite cair na armadilha de achar que você “mereceu” isso.
  • Não insista: buscar respostas de quem já se mostrou desrespeitoso pode apenas prolongar sua dor.
  • Foque em você: use esse momento para se cuidar, fortalecer sua autoestima e manter a dignidade.
  • Procure apoio: conversar com amigos ou um terapeuta pode ajudar a processar os sentimentos.

Precisamos falar mais sobre respeito

O ghosting é um sintoma de uma sociedade que valoriza mais a conveniência do que a consideração pelo outro com barravips. Não é sobre “direito de ir embora”, mas sobre a forma como se faz isso. Todo mundo tem o direito de não querer continuar uma relação, mas há formas mais humanas e respeitosas de encerrar algo.

Dizer “não quero mais continuar”, “não sinto mais o mesmo” ou até mesmo “preciso de um tempo” é muito mais honesto do que o silêncio. Pode doer? Sim. Mas o silêncio prolonga a dor e machuca mais.

Conclusão

Desaparecer do nada não é só um gesto de covardia emocional — é um comportamento que fere. O ghosting pode parecer inofensivo para quem o pratica, mas deixa cicatrizes em quem é deixado para trás. Em tempos de relações líquidas e conexões superficiais, precisamos resgatar a responsabilidade afetiva. Porque sumir sem dizer nada pode ser fácil, mas é tudo menos justo.

Genecy Mergulhao

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